Texto: Eu e meus mal entendidos


Eu e essa minha mania de insistir. Minha cara já foi quebrada tantas vezes por essa mania irritante. E meu coração coitado, ele não quer nem mais falar sobre o assunto. O que acontece é que eu sinto aquela agonia. Uma sensação chata de querer arrumar as coisas. Deixar tudo certo. Gosto de conversar, talvez até demais. Saber o que acontece. Acertar os ponteiros, por tudo em seu lugar. Se dependesse de mim não teria nada disso de "mal entendido". Que mal entendido, que nada. Comigo não tem essa. Vamos pegar os caquinhos e tentar reconstruir as coisas. Vamos tentar remendar o que foi partido. E eu sempre tento. Sempre me convenço que de alguma forma eu posso fazer com que isso se torne realidade. E ai a realidade simplesmente me mostra que não é bem assim. Meu coração se quebra outra vez. Algumas coisas não podem ser remendadas. Outras não podem ser consertadas. E certamente, há uma quantidade limita de vezes que você pode tentar e eu acredito que já passei da minha cota. 

A esperança faz de mim gato e sapato. Eu fico refém dela até aceitar o que lá no fundo eu já sabia. E parece que eu não canso disso. É inevitável. Quando menos espero já estou sentindo tudo outra vez, como em um loop infinito. Acabo ficando tonta demais pra refletir e tudo que eu quero é sair parece parar esse zumbido que não sai da minha mente. Quero desacelerar, quero parar. As coisas continuam acontecendo rápido demais, enquanto eu nem tenho tempo de me preparar para a próxima. Eu ainda não sei se aprendi direito a lição. E se eu cometer o mesmo erro novamente? Já dizia aquele ditado "Errar é humano, errar mais de uma vez é burrice" então talvez eu seja simplesmente estúpida. Estúpida, idiota, cega e boba. Pode acrescentar mais algumas palavras semelhantes ai porque talvez elas também combinem comigo. Não sei exatamente porque sou assim. Não conheço ninguém que seja igual a mim. Isso me faz me sentir estranha e até derrubar algumas lágrimas em dias espaçados. Isso me faz rir de coisas super idiotas, dançar enquanto ninguém está olhando, me fazer mudar humor tão enlouquecidamente que eu me pergunto várias vezes por dia se não estou ficando louca de verdade. Quero que as coisas parem. Quero tempo pra decidir, pra ter certeza. Quero parar com essa mania e com essa sensação de estar perdendo tempo o tempo todo. Não se pode consertar seus erros. Não se pode voltar atrás, não me arrependo das coisas que fiz mas se eu pudesse voltar de verdade tenho certeza de que não faria metade das coisas que fiz. Não agiria do modo que agi e não me deixaria cair mesmo quando tudo que queria era ficar no chão. 

Já catei tantas vezes meus pedacinhos do chão que não me surpreenderia se olhasse pra mim atentamente e visse faltando alguma coisa minúscula que eu não percebi. Afinal, nessas tentativas de reconstrução muitas coisas não deram certo e algumas pessoas levaram pedacinhos de mim com elas. Pedacinho microscópicos que agora parecem um buraco negro dentro do meu peito. As vezes só te resta deixar as coisas como estão. Não há cura. Não há conserto. Não há remendo, gambiarra ou remédio que faça aquilo voltar a ser o que era. Nada, exatamente nada volta a ser o que era.E se conseguimos reconstruir, as coisas ficam ainda mais frágeis do que eram. Com um toque elas podem cair de forma colossal, e a dor vai ser 10 vezes maior do que a primeira vez. Chega de machucar os dedos catando os pedaços quebrados. É hora de aceitar que certas coisas devem permanecer quebradas, é hora de observar esses pedaços se tornarem poeira, é hora de deixar o vento levar esses pedacinhos pra trás e encontrar um novo jeito de tentar de novo.Porque é assim que a minha vida é. Feita de tentativas. 

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