Eu já tinha assistido esse filme um pouco antes de estrear, e sabia pouco sobre o mesmo. Mas, o fato era que o mesmo estava sendo vendido como " comédia romântica" utilizando dos nomes famosos como " Chris Evans " e é claro o ator mais usado em elenco ultimamente " Pedro Pascal". Eu tenho minhas considerações sobre o Pedro Pascal, mas não deixarei essas opiniões pessoais se infiltrarem na resenha desse filme, pois o mesmo tem muitas camadas.
Eu vi muitas reclamações, alguns elogios e algumas pessoas apesar de entenderem a mensagem do filme, não concordaram com a escolha da personagem e tudo certo.
Lucy é uma espécie de "casamenteira" ela trabalha em uma agência focada em achar seu par perfeito baseado em gostos, elementos e características materialistas baseadas somente em ideais. Normalmente, ela consegue sucesso em suas empreitadas, mas em um desses casamentos ela conhece Harry, um homem extremamente charmoso e bem de vida. Apesar de não se achar uma boa opção pra ele, Harry acaba demonstrando interesse em Lucy e investindo na relação, porém ela fica abalada ao encontrar na mesma festa seu ex chamado John, que está trabalhando de garçom. Lucy , neste momento, se vê entre algumas questões emocionais e financeiras, já que o reencontro com John, traz a tona os problemas que eles tinham e o que o Harry poderia proporcionar a ela. Dividida entre as questões de amor e materiais, Lucy precisa ponderar o que quer pra sua vida e pensar nas questões mais emocionais entre duas escolhas que parecem facéis mas não são tanto.
Como eu disse acima, há vários meios de interpretar a escolha da Lucy e depende MUITO da sua vivência, do que você quer e do que você acredita, mas a verdade é que Amores Materialistas explora uma camada muito importante: de como o amor ficou gourmetizado. O próprio trabalho da personagem em que os caras ficam ali traçando uma lista de mulheres específicas que ela te que juntar com eles, é meio bizarro. E mesmo assim no final, quando as características parecem bater, pode-se ter uma surpresa no final como aconteceu em um dos encontros juntados pela Lucy.
Eu até curto a atuação da Dakota Johnson, mas aqui tudo ficou meio morno. Como vi em uma resenha, o que mais implicou no filme ficar sem sentido foi não ter uma resolução. Ela fez a escolha dela, e mesmo assim o roteiro fez parecer algo como se fosse " totalmente errado".
A primeira premissa era que Lucy havia se tornado daquele jeito pelo relacionamento com John, onde por poucos flashbacks conseguimos ver que eles tinham problemas com relação a dinheiro. E isso é mostrado como uma decisão para que a mesma tivesse finalizado o relacionamento e se tornasse mais fria e materialista buscando mais conforto e segurança em medidas racionais envolvendo dinheiro, obviamente.
E pensem comigo, isso pode ser interpretado como cuidado ou como interesse. Entende? O filme brinca com isso o tempo inteiro. Esses dois lados. Aparece o Harry, ela apesar de estar mais centrada insiste que ele não é pra ela, mas mesmo assim cede porque né, um cara rico dizendo pra ela que quer namorar, que quer tentar sendo que um dos problemas que ela tinha era a tal instabilidade do último relacionamento, ela pensa: por que não?
E eles se envolvem. Vi muitas críticas das pessoas falando que ela não se permitiu nem gostar do cara, que passou pouco tempo com ele e já desistiu. Mas, vamos lá. Isso depende muito. Com muitas pessoas, elas já sabem que não vão conseguir nutrir um sentimento por aquela pessoa, por mais que ela traga um substancial importante pra relação e foi isso que ela sentiu. Mesmo com o conforto, as viagens e o carinho do cara ela não conseguiu se conectar e se tocou que não conseguiria mesmo que insistisse.
Vi alguns comentários sobre " romantização de pobreza", mas não creio que seja isso. É sobre estar em relacionamentos somente por estar. Sem sentimento. Dinheiro é sim importante e soluciona muita coisa, muita coisa mesmo, mas não compra sentimento em nenhum quesito. Eu digo "sentimento" não desejos e sonhos.
O personagem do Harry foi demonstrado de uma forma comoda, como se ele fosse um tipo de cara encostado que não quer progredir, não quer fazer nada e só quer ficar na mesma. Mas, pra mim, não foi bem isso. O contraste mostra que algumas vezes as pessoas tentam melhorar e progredir, mas nem sempre é fácil. Não é todo mundo que consegue ficar rico e estável. E ele tinha essa consciência, lembrava dos motivos pelos quais eles tinham terminado ( que eram importantes), mas acima de tudo estava comprometido a progredir e acima de tudo esta emocionalmente mais disposto.
Ah, mais ela já era apaixonada nele, ela não quis nem tentar com o outro cara. Não vi exatamente assim. Ele também não estava nutrindo sentimentos por ela, ela também percebeu, tanto que isso é mencionado em boa parte da conversa deles sobre o relacionamento ser um negócio e não tanto sobre sentimento. E ela tentou embarcar nesse negócio. E não conseguiu. E não é sobre romantizar pobreza, mas sim entender que as relações são complexas, e ao mesmo tempo que podem ser um negócio não podem ser desenvolvidas sem amor em jogo mesmo se você quiser outras coisas materiais.
A verdade é que relacionamento vai além disso e são acordos feitos entre você e a pessoa. O filme, explora justamente esse dois lados para que você possa pensar e relevar o que é mais importante pra ti, o que é o sentimento, o que são as relações hoje e como elas se desenvolvem.
Você ficaria com alguém que não é tão rico, mas nutre algo verdadeiro por ti e está disposto a progredir ou ficaria com alguém que vê aquilo como negócio proporcionando bens materiais mas sem sentir nada? Novamente, todo mundo quer uma vida confortável, mas sabemos que relacionamentos mesmo com pessoas de altos níveis de dinheiro não duram, e não é por conta das condições materiais e sim do que? SENTIMENTO.
Se o Harry fosse um sujeito acomodado sem perspectiva, eu acharia a Lucy burra. Porém, pra mim, ele foi sincero e mostrou pra ela que ele estava tentando. Pra algumas pessoas como eu disse é mais difícil, mas ai você tem que ponderar o que quer, o que sente e o que prefere enfrentar. Crescer como casal. Viver bem, mas não tão confortável quanto seria com o cara rico que você certamente não sentiria nada?
Além de outras camadas, Amores Materialistas acerta e erra. A questão da escolha da Lucy é pra você aceitar ou rejeitar do jeito que for. Não tem resposta certa. Vale a reflexão do que os relacionamentos são feitos e montados por ideais desconexos. Vale o pensamento sobre confortos materiais e amor. Entendo os dois pontos passados e suas importâncias, mas no que mais falho foi esse filme foi com certeza a ideia de comédia romântica que não tem nada de comédia.
O final inconclusivo e um desenvolvimento mais profundo da relação dela com o John, do seus motivos e de seus pensamentos poderia ter elevado o nível de reflexão sobreo tema muito mais além. Foi tudo muito corrido, e no final aberto não sabemos o que ela realmente decidiu. O que a motivou. Não conseguimos nem olhar direito as duas relações e tiramos conclusões baseadas em poucas cenas de flashbacks.
Foi meio decepcionante sim, não pela escolha de Lucy mas por tudo que poderia ser abordado e não foi. Por todo o contexto que poderia ser explorado sobre as diferenças das relações entre eles que ficou muito coesa e com um aspecto horrível pro personagem do Chris Evans que saiu como um preguiçoso encostado, a Lucy como uma burra que prefere um amor de perrengue e um ricaço charmoso que foi desperdiçado porque ela prefere sentimento em vez de dinheiro.
Isso que acontece com roteiros com boas ideias, mas mau explorados. Há duas versões de enxergar essa história, depende de qual é a sua. Eu entendo os 2 lados, mas faltou muito , mas MUITO pra esse filme ser melhor e não sair como uma imagem coesa e fraca sobre algo que é pouco explorado hoje em dia. Gostei da Dakota, Gostei do Chris e o Pedro? BLEH. É, eu não acho mesmo essas coisas dele. Desculpem. Dá pra assistir e tomar seu partido. Mas, dá pra refletir bastante também.
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