Texto: O que me aterroriza a noite

 

Não sei de quanto tempo mais vou precisar. Dizem que pra superar, só com o tempo. O tempo vem passando e ainda dói. Ainda machuca. Talvez nem eu consiga entender porque isso está me afetando tanto. Sinto sua falta mesmo não querendo. Me pego lembrando de você, ainda olho aquela rede social que eu só usava pra falar contigo esperando uma mensagem. Ainda espero que ao menos você venha me pedir desculpa. Mas, a mensagem não vem. A resposta que eu procuro não chega. E parece que tudo foi um delírio da minha cabeça. Agora, parece que você nunca existiu. Talvez sua presença tenha me afetado tanto porque contei tudo que me assombra. Tudo que eu tenho medo. E agora, tenho medo de me abrir novamente e de acontecer a mesma coisa. Eu não falo, não exponho, só finjo e sigo calada. Aguentando a dor sozinha. Porque quando escolhi me abrir finalmente deu nisso. Não sei mais o que fazer. O que pensar. Queria poder esquecer que te conheci, queria não ter me envolvido tanto. Queria não ter pensado que seria diferente. O ano já está acabando e lá se vai você com ele.  


A verdade é que eu queria estar escrevendo sobre outras coisas. Definitivamente, não queria estar escrevendo novamente sobre você, sobre o que você causou. Você dizia que não precisava de ninguém, que poderia muito bem ficar sozinho. E eu me pego pensando se eu passei pela sua vida, como se não importasse nada. Me pego pensando se você fez pouco caso das nossas conversas, das nossas confidências e se ao menos, se lembra de mim ou de como eu te apoiei no momento que você mais precisou. Você me disse uma vez, que se uma pessoa vai embora da sua vida, é melhor, porque aquela pessoa não te merecia. Antes eu não tivesse dito nada. Eu não me sentiria tão ligada a você se tivesse ficado calada. Mas, acreditei que você era sincero. Agora, as consequências da sua partida estão comigo. Estou sofrendo arduamente. E eu tentei escapar disso.  Parece que de algum modo eu pressentia que algo assim poderia ocorrer. Eu tinha medo, mas você me passava uma sensação de segurança. E eu senti que estava segura, que podia contar contigo. O que mais me incomoda agora não foi o fato de eu ter sido eu mesma . Foda-se se você não estava mais a fim ou não queria mais. O que mais me incomoda foi a hipocrisia em tudo que você dizia. 


Eu aceitaria um não. Eu aceitaria um fora. Aceitaria uma rejeição direta. Mas sumir da vida de alguém no momento que ela mais precisa e achar que tá tudo bem? Nojento. E parte de mim ainda imagina você falando " nossa, mas você ainda não superou isso?". É, ao contrário de você eu me importo. Eu sinto, eu sofro. Até por quem não merece. E eu SEMPRE estou lá, quando a pessoa precisa, quando ela me pede ajuda, quando ela necessita que eu segure sua mão, mas nunca ao contrário. Nunca estão lá pra enxugar minhas lágrimas. Me dar a mão. Me ajudar a levantar. Dar o ombro. 


Oferecer um abraço. Talvez eu tenha que me convencer de que tudo não passou de um delírio. Porque isso que você foi. Isso que parece agora. Como um fantasma. Você veio apenas pra deixar sua marca e conseguiu. Imagino, você seguindo sua vida como se nem tivesse me conhecido com um sorriso no rosto e dizendo que está tudo bem. Afinal, já percebi que minha presença não significou metade do que a sua significou pra mim. Talvez eu tenha sido uma folha arrancada e velha da sua vida, que você esqueceu com facilidade e tá tudo bem. Por mais que ainda doa e eu ainda chore, tudo bem. Eu ainda acredito que tudo isso vai passar, que vai parar de doer e que eu vou ficar bem de uma vez por todas. Só não sei se conseguirei mais me abrir. Só não sei se terei a mesma conexão com alguém como tive com você e é isso que me aterroriza de verdade todas as noites quando eu fecho os olhos. 


PARA D.M.M

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